segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014


MEMÓRIAS DIVERTIDAS








Capitulo 1 
A escola primária


Pouco passava das 5.30h da tarde , sentado, esperava para entrar em casa. Apesar dos seus 6 anos de idade ainda assim, calmamente esperava a chegada da sua mãe para entrar em casa. Sentado na porta da entrada do prédio onde vivia, observava os transeuntes e entretinha-se com um pequeno carrinho que tinha levado para a escola.
  Na realidade, estava tranquilo, não o asssustava os ladrões, colegas maus que o  roubassem, ou o medo de estar na rua só com 5 anos e ser levado por alguém mal intencionado.Simplesmente brincava e esperava depois de mais um dia de escola. Um dia que parecia enorme, um dia como todos os outro de segunda a sexta feira. Um dia que começava como aquele, ele, de bata branca, mala nas costas, depois duma bela sessão de desenhos animados da hora do almoço, na pouca escolha que podia fazer na televisão a preto e branco ainda, no primeiro ou no segundo canal da RTP, porque mais não havia.
  Chegava á escola, dois portões, separava os meninos das meninas - rapazes na parte de cima da escola e raparigas na parte de baixo. Misturas, muito pouco! Um pequeno muro de pouco mais de 50cm circundava todo o inteiro pátio da escola, nem redes, nem seguranças, apenas dois portões...por onde todos entravam, sem saltar aquele " enorme" muro! Sei agora que aquele pequeno muro ainda lá está...mas...com um gradeamento e bem alto.
  É verdade que se vivia no chamado " regime", mas o que era isso, para um " pequenito" de 6 ou 7 anos de idade? A realidade era aquela: ir para a escola, vir da escola, lanchar e brincar. Mas não era um escola como agora! Aprendia- se mesmo! Na lembrança ficam as carteiras em madeira em que o assento estava pegado ao tampo de escrever. Se eram ergonomicas? De certeza que não! Se se aprendia? Isso não haja duvida! 



Pois também se não era a bem era a mal, porque l
á estava ela a bela reguada para nos ajudar a saber a tabuada, os rios, a história e muito, muito mais....Alguns atė tinham a ajuda duma "pequena grande" cana que tinha como função mais do que apontar no quadro, servir para com alguns toques nas orelhas, alertar para as asneiras que faziamos por exemplo quando estavamos agarrados ao giz no quadro. Por incrivel que pareça o que mudou agora foi as cores dos quadros que parece que primeiro ficaram verdes e agora ate azuis, o curioso é que os miticos paus de giz e os apagadores aninda hoje se mantêm.




Na realidade parece que pouco mudou mas de facto existe uma diferença clara entre a chamada "4ª classe" e o agora 4º ano. Faz-me confusão ouvir licenciados, ou doutorados a pegar numa calculador para saber quanto são 8x7 e o pior é que isso agora parece normal. Usa- se uma folha de excel para fazer uma soma! Mas ė "fino" porque afinal sabe-se trabalhar com um computador e com um programa de infomatica...enfim
Mas a realidade da altura era esta: saber os rios de Portugal, as montanhas, os reis, as datas importantes da história e...a tabuada. Ninguém dos anos 70 ficava sem saber a dita tabuada, ainda que se recorre-se a " cantilenas", 2x1, 2, 2x2, 4 2x3, 6 e por aí fora, se recorre-se a livrinhos de tabuadas, lápis com tabuadas ou ainda em ultimo caso á valente reguada como elemento dissuasor para se fixar a " maldita tabuada". 
  Consegui uma foto da tabuada talvez mais famosa daquele tempo: "A tabuada do ratinho" , mas naquela altura o recurso á "calculadora" (entenda-se: tabuada) da altura assumia muitas formas, havia a tabuada num lapis, nos afia-lápis em canecas de leite e até em jogos!

   Pois é, e se não se sabia a tabuada lá estava o resultado:
 







 E que arrepiante era sentir a sua aproximação: reguas de todos os feitios, Havia as de formato especial direitas mas na zona de "batida" circulares, com furos ou sem furos, pintadas ou em madeira crua, para todos os " desgostos". E que agilidade alguns professores tinham com a "dita cuja". Recordo-me de uma fila de maus comportados em frente ao quadro, de mãos estendidas a receberem a " dita recompensa" e a habilidade com que a pfofessora virava a regua como uma malabarista, batendo ora uma vez do lado da regua ora de outro, oferecendo cada lado a cada um que se seguia.
 Hoje isso é considerado maus tratos e ai de um professor que fale mal aos meninos! Se bem que os alunos possam maltratar os professores quase impunemente, enfim mudanças para melhor ou para pior?
  Na realidade agora é que as coisas são estranhas, ou seja , por exemplo era normal aprender o "aeiou" e depois o "abecedario" em sequencia, e quantas palavras tinhamos que saber escrever numa letra até passarmos para a seguinte. Hoje começam os pequenitos, no agora chamado 1ºano a aprender palavras duma letra qualquer do meio do alfabeto, sabe-se lá qual e porquê!

 Para aquele pequenito tudo passaria a estranho no 1°ano (agora 5°). Lembro-me das folhas das provas que não eram testes com enunciados em fotocopias , mas as provas escritas no quadro. Uma folha branca de 4 paginas, como as folhas azuis que existiam - o chamado "papel selado" usado como documentos oficiais, mas eram brancas e com o pormenor de a lateral ser dobrada com cerca de 5 ou 6 cm, e que ficava levantada. Nessa lateral recebia-se a nota da prova e algum recado para o aluno e para os pais. 


  Pois é, de facto eram aquelas provas brancas que nos davam as alegrias ou as tristezas e depois na 4ª classe havia o celebre exame da 4ª classe, que seria ou não a passagem para o 1º ano do chamado ciclo preparatório. E não se pense que todos os alunos passavam de classe...não...só passavam os que "passavam" porque estas modernices de todos passarem para não afectar psicológicamente os meninos, não existia...e muito bem - estudava.se para aprender e passava-se se merecessemos. E depois, os professores...também não eram como agora, não que critique os de agora, porque existe uma maior aproximação aos alunos, existe uma maior preocupação social ou se quizermos de amizade com os pequenitos, mas por outro lado existia um rigor e uma exigência que agora é mais descurada.
  Quanto entrava a professora, uma senhora de ar austero, séria, de "reguada pronta" quando falhavamos, mas ao mesmo tempo com uma capacidade de ensino, que só não aprendia quem era "mandrião".
  E se agora aquele pequenito é o que é se deve muito áquela professora. Ainda hoje vejo que se aprende "coisas" no 10º ano e 11º ano que na altura se aprendia na chamada "4ª classe". E quanto á tabuada, "venham lá os universitários de agora dize-la de cor e vamos ver quantos a sabem!"