sexta-feira, 26 de setembro de 2014

  MEMÓRIAS DIVERTIDAS



CAPITULO 14 -  O  cinema



À pouco tempo atrás e porque gosto muito de cinema estava a ver na net a lista dos filmes com maior bilheteira de sempre e claro nessa lista estava o filme "Titanic". Mas não vou falar sobre o filme mas sobre como vemos o cinema e como o víamos. Voltando ao "Titanic", recordo-me de o ter visto numa daquelas salas de cinema históricas de Lisboa: o cinema S.Jorge. Quem viu aquele filme sentiu bem a carga emocional que o acompanhava e vê-lo numa dessas salas de agora não é o mesmo que vê-lo numa sala como aquela. Recordo-me de no intervalo do filme ir ao bar e como na primeira parte do filme víamos toda a beleza do grande Titanic, era como se estivesse quase dentro do paquete pois o bar do cinema era todo alcatifado e tinha dois grandes lustres a fazer lembrar o interior do grandioso Titanic. Foi uma sensação que não esqueço e que ficou ligada a esse filme.





  De facto a maneira como víamos cinema mudou e muito. Ir ao cinema não era ir a um lado qualquer, era ir ao cinema!

"Arranjadinhos para o espectaculo"

  Roupa arranjada, pinturas na cara e lá se ia para uma noite especial. Chegada ao cinema depois dos bilhetes comprados na bilheteira na entrada do cinema, ou como era muitas vezes o nosso caso, ir levanta-los porque já tinham sido reservados. Conseguíamos através de alguém reservar os bilhetes pagando um pouco mais era só levantar.
  A entrada na sala fazia-se em silêncio e um arrumador com a sua lanterninha levava-nos ao nosso lugar sendo depois recompensado com uma pequena gorjeta que ficava mal não dar
  O silêncio era a nota dominante de qualquer cinema, antes do filme começar, falava-se baixinho e confesso que transmitia um ar de tranquilidade. Hoje somos "bombardeados” com anúncios publicitários que chegam a durar quase um quarto de hora, mas naquela altura também havia publicidade: à frente de cada tela de cada cinema estava descido uma outra "tela" cuja única função era anunciar de forma estática várias marcas e espalhar publicidade e não era nada projetado mas sim desenhado ou fotografado nesse "pano". Não era incomum brincar-se a tenter adivinhar onde estava determinada palavra nos quadrados anunciantes da tela. Bem... na altura era o que entretinha.

"Pipocas nem vê-las"



  Era o que entretinha, dizia eu porque agora temos toda aquela publicidade, os telemóveis e as atualmente famosas pipocas. É que naquela altura era impensável e proibido comer dentro da sala a menos que fosse um chocolate ou coia não sujante que se vende-se no bar.
  Parece-me boa a ideia das pipocas mas a verdade e que nos anos 80 as pipocas não era no cinema que se vendiam.

"Cinemas a fechar"

  Ver salas como o Tivoli, o S.Jorge. ou o Condes fecharem foi um choque, até porque o que se viu abrir foi as minúsculas salas que hoje existem.
  O cinema S.Jorge tinha plateia, primeiro balcão e segundo balcão, um ecrã quase do dobro dos atuais e isso foi um choque de facto no inicio. Mas a verdade é esta: perdeu-se em tamanho e ganhou-se em qualidade. Hoje temos 3D, Imax, salas especiais, som e imagem digitais e isso é fantástico!    Hoje é impensável um filme ser interrompido por problemas na fita ou no som. Quem é que não se lembra da famosa "boca": "olha o som ó marreco", que era uma maneira "carinhosa" de avisar o homem da cabine que havia problemas técnicos. Coisas do passado!

  Já agora uma curiosidade para os mais jovens: antes de cada filme passava sempre ou um pequeno filme de desenhos animados ou um documentário sobre qualquer coisa e um ou dois filmes que iriam estar em exibição e..depois…toca a ver o filme. Outra curiosidade: sempre havia intervalos e embora agora tenham voltado, no início dos "mini cinemas" decidiram acabar com eles e para alguns filmes era fisicamente muito cansativo e por vezes "secante".

  Os tempos mudaram, temos quase cinemas em casa, mas para muitos como eu continua a ser muito agradável ir ao cinema fora de casa.